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OPINIÃO: O descarte do trabalho

A evolução tecnológica está acabando com os cargos de média e baixa qualificação. Para muitos trabalhadores, será o fim do trabalho tradicional, com horário fixo, férias e 13º salário. As tarefas sob demanda estão ganhando espaço em um mercado em transformação constante, motivado pela automação e pela inteligência artificial. Exemplo desta transformação, podemos citar a profissão de publicitário, advogado e do médico, profissões tradicionais, mas que já estão sofrendo baques de empregabilidade. O publicitário hoje é técnico, faz o contato com o ciente, cuida da parte financeira e administrativa, cobre férias de colegas no regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), faz a criação e diagramação. O advogado, ou recém- -formado, está concorrendo com a internet, com sites especializados, com os chamados "plantões tira dúvidas", fora o excesso de oferta que baliza o setor pelos menos qualificados.

Hoje, o cliente, mais instruído, já chega com a estratégia montada para o advogado. Temos também os aplicativos de conciliação, onde uma das partes faz uma oferta e a outra, verifica se aceita ou não. O médico, até então protegido por uma reserva de mercado, hoje tem que estar preocupado com a chamada "telemedicina", onde os diagnósticos são realizados via internet, entre médico e paciente. Outra realidade, na saúde como um todo, são as clínicas de baixo custo, que cobram mensalidades acessíveis, R$ 50, R$ 100, R$ 150, no qual o lucro está na escala de atendimento e no tempo de conseguir uma consulta com um especialista.

Em resumo, a leitura de peças processuais, análise de exames clínicos, estratégia de marketing para determinado público, se darão com base em um gigante banco de dados, no caso o big data, eliminando, assim, uma etapa da preparação do processo na Justiça, no diagnóstico do paciente, do estabelecimento do público alvo. Segundo o último estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), intitulado o Perfil da População Brasileira, atualmente, no Brasil, de um total de 8,2 milhões de empresas, 4,2 milhões não têm empregados.

No setor de serviços, onde o trabalho de autônomos é mais intenso, esses negócios individuais chegam a representar 59,2%. No último caso, as relações de trabalho viram relações empresariais. Outra pergunta que devemos nos fazer é se as universidades estão preparando este profissional que o mercado está exigindo? Se o pensamento novo, contemporâneo, está "entrando" nas mentes mais retrógradas? Que as inovações do ensino não fiquem restritas ao papel, mas que dialoguem com a sociedade. Porque quando se "adestra" as máquinas que aprendem, não basta demandar maior escolaridade dos trabalhadores, dos estudantes, e nem ensiná-los a pensar, há que ensinar a pensar sobretudo diferente. E pensar diferente é o grande desafio no mercado de trabalho atual.

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